Literatura, opiniões, memórias, autobiografias, e demais diletantices.
Sábado, 28 de Maio de 2016
ENSINAR, COMOVER E DELEITAR (A propósito das crónicas de Pedro Mexia)
ARTE DA VIDA
José Cutileiro, nas crónicas de A.B. Kotter (inglês a viver em Colares, ex- agente secreto do MI 15 e que haveria de morrer afogado na Argentina) escreve que sua mãe era uma wagneriana - e era das piores porque se converteu em crescida. Ora eu, que não sou um wagneriano tardio, serei um admirador de Pedro Mexia tardio o que pode ser visto como um entusiasmo adolescente.
Escrevia Manuel António Pina, e quem não se lembra das suas crónicas no JN?, em 2012 no prefácio a “O Mundo dos Outros”:
"Aprende-se muito com estas crónicas de Pedro Mexia (eu aprendi), quer acerca de literatura e outras artes – fotografia, BD, música, cinema, teatro, ou mesmo design publicitário; e, principalmente, da conturbada e incansável arte da vida, não é por acaso que a presente recolha se intitula “O Mundo dos Vivos” – quer acerca da complexa, e não raro sórdida, natureza dos homens e das sociedades humanas; e, sim, há aqui muita informação, isto é, muito jornalismo. E aprende-se com inesperado prazer, coisa essa, o prazer de ler, quase tão improvável de encontrar hoje em jornais quanto informação desinteressada.
Rudolfo Agrícola escreveu no século XV que a literatura serve ut doceat, ut moveat aut delected, que é como quem diz para ensinar, para comover e para deleitar".
Depois das crónicas, vou agora desbastar as memórias que, com os diários, fazem um dos meus géneros literários preferidos.