Apesar de considerar a embriaguez “um vício grosseiro e brutal”, que destrói o espírito e entorpece o corpo, Montaigne considera a bebida um vício que custa menos à consciência do que outros. Assim, admite o gosto pelo vinho e sua utilização como acompanhamento às refeições. Para ele, como deve ser o paladar do bom bebedor?
Para ser um bom bebedor, não se deve ter gosto refinado, é preciso fugir da delicadeza do paladar e de uma seleção cuidadosa do vinho, pois, se nos acostumamos ao prazer de beber um bom vinho, necessariamente iremos nos deparar com o desprazer de beber os vinhos ruins. É preciso, portanto, “conservar o gosto mais despretensioso e mais livre”. A melhor maneira de apreciar o vinho é com a comida, pois esta o completa. Segundo Montaigne, o deus do vinho, Dioniso, devolve aos homens a alegria e restitui a juventude aos velhos, fornece temperança à alma e saúde ao corpo.