Em Komorn, [Hungria] um outro letreiro bilingue informa que em certa casa nasceu Franz Lehár, mestre de um ilusionismo elevado ao quadrado e de uma música de consumo na qual a nostalgia das valsas de Strauss se corrompe, apesar da mestria aprazível, em vulgaridade desenvolta. O ilusionismo da opereta, que resume a vida no mote “criado, champagne!”, não oculta porém que tudo se trata de uma ficção brilhante, de uma máscara e de uma simulação de brio. A sua indústria do cinismo galante e sentimental é uma figura de papelão que, sem se dar ares de importância, distrai da seriedade da vida.
(De Danúbio, livro de Claude Magris, um grande escritor italiano).
Neste texto poderíamos substituir Lehár e Strauss e a música por autores de livros ou de músicas. Esta definiçao sobre o consumo, a mestria, a vulgaridade, a ficção brilhante, a figura de papelão, como se poderiam aplicar a epífenómenos ou a manifestações inorgânicas de hoje!
Ah, grande Claudio Magris!